sábado, 24 de julho de 2010

Vendo o sol nascer quadrado...


Quais nossos limites? Há quem diga que somos limitados pelas fronteiras de nossa esfera de funcionamento, para a maior parte das pessoas essa seria [como fronteira máxima] nosso planeta habitado, a Terra. Entretanto quem nunca teve vontade de viajar a algum lugar relativamente distante? E os que tem tal vontade se deparam com inúmeras restrições, sejam orçamentárias, de eficiência de transporte, de um estilo de vida que não seria sustentado com a ausência por alguns dias, enfim, impedimentos aparecem de todos os lados... Por vezes o ator em questão [assumindo papel de aventureiro nos tempos modernos] se sente um covarde, acredita ser capaz mas ter medo de fazer, mas ora, tal medo [ao menos para mim] é uma das muitas restrições e não se poderia também afirmar [em média] que esse é um receio intrínseco [digo ainda que é um medo que as próprias relações social ajudam a fundar].
Lembram do condoreirismo?
Liberdade, do latim Libertas em referência à deusa romana que encarnava a própria liberdade. Atualmente o termo aparece geralmente quando uma situação de caráter já acentuado o pede, como no caso da regulamentação do acesso à internet, ou mesmos nas práticas uso de trabalho que se assemelha à escravidão em algumas fazendas da Amazônia Brasileira. É comum, ao menos na maior parte do tempo, que se sinta a sensação do que costumamos chamar de liberdade, entretanto posso dizer que não existe liberdade irrestrita, e não raro esbarramo-nos com suas fronteiras. Podem ser na figura de proibições impostas por leis, vontade de não "decepcionar" e acabar tendo de agir de modo a corresponder às expectativas alheias, ou mesmo no caso de escassez [falta de algo pelo qual se tem apreço no supermercado pode parecer banal, mas até que representa um bom exemplo. Enfim, cada um sabe de suas fronteiras, os que não sabem ou são destemidos e sobre-humanos ou simplesmente tiveram a mente manipulada, e simplesmente não percebem que vivem numa jaula...
Já deu pra perceber que o tema aqui é liberdade, mas para deixar claro me proponho a falar de quando acaba a liberdade, pois ela é finita, como dito no primeiro post do blog. Quem está preso, numa cela, em reclusão pode se dizer sem sua liberdade, então fica a metáfora das grades para representar as fronteiras com as quais convivemos. Um presidiário tem pouquíssima liberdade, e quando isso é mal gerido acabam ocorrendo as rebeliões; em tempos de ditadura e censura há cortes à certas possibilidade de conduta, e como [em geral] ditaduras por si só são modelos de péssima gestão para onde se olhe estão grupos tramando a queda da opressão; ou quando pais autoritários e incapacitados de conseguir o respeito dos filhos acabam estimulando estes a arrumar um emprego precocemente em busca de estabilidade financeira e autonomia [ou liberdade].


Entra aí a questão central da discussão, o que o homem busca afinal, a liberdade realmente? Uma conduta estritamente anti-social, individualista por inteiro, acabaria eliminando a espécie [mesmo com a prática de eventuais encontros para reprodução], dentre todos os perigos do mundo o próprio homem seria seu maior oponente, e por quê? Pela característica intrínseca do homem de ter necessidades ilimitadas em um contexto de possibilidades esgotáveis, na verdade, isso até incentivaria a conduta anti-social, entretanto também representaria seu maior risco de extinção. Mas aí há um detalhe importante, ora, é justamente por ter medo da extinção que o homem busca se unir com outros para lutar pela sobrevivência. E seguindo esse raciocínio é possível constatar que isso jamais aconteceria de modo espontâneo, apenas de modo contratual [para esclarecer tal raciocínio ler: http://pt.wikipedia.org/wiki/Dilema_do_prisioneiro].
É em tal contrato que se fincam as grades de uma sociedade, e que cada um finca suas próprias grades, a princípio de modo igualitário, mas com as disputas e vantagens individuais desiguais logo se muda para um patamar onde uns podem mais que outros. Mas a disputa é pela mudança dos limites individuais, raramente pelas grades fincadas socialmente... a menos que a pressão por aqueles que recebem uma parte cada vez menor do bolo seja muito forte [e em geral o é, necessidades ilimitadas num contexto de escassez tem esse como um fim previsível], nesses casos os mais fracos se rebelam, tentam destruir todas as grades, pois já não sentem mais nem que há ar suficiente para respirar em suas celas... Buscam uma esperança, uma luz no fim do túnel, tentar romper com o caráter egoísta daqueles que tem mais liberdade, por vezes funciona, e se busca uma redistribuição dos direitos e liberdades civis, por vezes sobram cadáveres... [aconselho a leitura sobre o protesto na Praça da Paz Celestial em 1989].



Bom, não me proponho aqui [ao menos ainda] a estender mais esse tópico, creio que ele já permite perceber que as fronteiras da liberdade, nossas grades, estão mais perto do que imaginamos, além de permitir evocar algo como: "sou livre para consumir, mas se não tiver dinheiro, e estiver passando fome, roubar me levará para cadeia", alocar os recursos da vida como tempo e esforço não me parece outra coisa se não fincar as próprias grades para seguir com o contrato [um "ruim com ele, pior sem"]. Bom, acredito que seja algo assim...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

"I just had an epiphany"

Costumo acreditar numa sentença: "informação não é conhecimento, e conhecimento, por sua vez, ainda não chega a ser sabedoria", podemos dizer que trabalhar a informação sob a razão, assimilá-la, torna-a em conhecimento, entretanto (pelo menos para mim) alcançar a sabedoria requer muito mais que isso. Chegamos a tal sobrenatural forma de reter algo em nossas mentes somente através de uma epifania.
Surge então a questão: "O que seria uma epifania?", bom, como o intuito desse blog não é ser extremamente formal, muito pelo contrário, é melhor explicar de modo simples. O termo epifania se refere, além do que abordarei como principal aqui, a festa religiosa celebrada no dia 6 de janeiro (essa é uma informação que dá uma dica do outro significado). É uma festa para celebrar a chegada, e a presença, de algo considerado divino, completamente novo, renovador, capaz de mudar as bases de um mundo todo.
Religiosidade posta a parte posso iniciar minha abordagem a partir desse gancho, uma epifania (o sentido daqui em geral é tido como o sentido da epifania literária) é um momento de revelação, de realização intelectual, um momento em que surge um entendimento profundo e novo, capaz de mudar os parâmetros e o seguimento da vida de uma pessoa, é como se um grande ciclo se concluísse, como se cada parte de um todo fizesse sentido, e vislumbrar isso se torna tão intensamente esclarecedor/despertador_de_um_novo_eu que passa a ser um ponto de mudança de vida, a partir dele "outra vida será traçada" ou algo assim. [é punk o negócio msm]
Bom, resolvi escrever sobre o tema pois considero poucas coisas tão gratificantes quanto uma epifania, vou além, acredito que a existência dessa é o mais forte indício de que o mundo é muito mais do que um amontoado de matéria interagindo. Ah, e cabe aqui uma observação: não de deve confundir tal processo sobrenatural (diria até) com "entendimento completo" depois de ler várias e várias vezes, nem sempre passamos por tal processo, mesmo que passemos a vida a buscar uma epifania em relação a algo não podemos ter certeza de que a alcançaremos! E digo mais, se for dada a opção, eu aconselho agarrar a possibilidade de morrer tentando, pois elas são uma das poucas coisas que fazem a vida valer a pena =].

ps.: tenho algo como uma sensação de pseudo-epifania ou algo assim ao ouvir essa música, na verdade essa banda (eles mantem uma certa "regularidade" nas músicas): http://www.youtube.com/watch?v=d7AXUmYrNq4, vejam o q vcs acham, e comentem (Y) u.u... [post novo no sábado, assim espero, tentarei manter a tendência, quartas e sábados]

sábado, 10 de julho de 2010

O homem e as guerras...

Guerras podem ser consideradas ruins, talvez quando nos imaginamos perdendo familiares ou sendo atingidos pelas mazelas da destruição (que acontece tanto dentro quando fora de casas, ou das pessoas, algo assim), a empatia é nos inerente, não podemos negar que somos dotados da capacidade de sentir "pena", ou melhor, de nos imaginar sentindo determinada dor. Enfim, guerras, em geral, são marcadas pela memória de destruição que deixam, e isso é certo, quando se vê felicidade nas guerras em geral é associada à sobrevivência, ou a vitória militar [que no fundo também é sobre sobrevivência].
Mas se já temos a empatia desde que "nascemos" (em vários sentidos, biológico, histórico, antropológico, etc...) então temos de considerar que também saímos "da fábrica" com a necessidade de guerrear, bom, o ser humano é estranhamente um ser social, estranhamente porque qualquer ser que apresente uma séria tendência para necessidades ilimitadas e egoísmo tem sérios problemas com a sociedade, entretanto uma coisa é certa, com o advento da sociedade foi percebida a vantagem do comércio e da especialização, frente a tais necessidades ilimitadas mesmo que o homem goste de ter muito, mesmo que signifique que todos a sua volta não tenham nada, o mesmo percebeu que se houver especialização poderá consumir mais do que consumiria se tivesse que produzir tudo o que necessita (ou que acredita necessitar).
Enfim, a maior barreira para o consumo humano é o consumo do resto da sociedade, junte isso a um comportamento mesquinho/oportunista e/ou vingativo/orgulhoso e está tudo preparado para o início de uma guerra, de derramamento de sangue, e de abertura de mercados para reconstrução e estabilização econômica e social, só falta uma coisa, puxar o gatilho, é preciso de um "motivo" para que a guerra comece, para que os guerreiros corram pelos campos queimando (primeiro simbolicamente, depois literalmente) [escutar http://www.youtube.com/watch?v=xtqy4DTHGqg], feito isso aí está, a famigerada guerra.
Há quem diga que a liberdade de um acaba quando a do outro começa, mas esse seria um contexto de liberdades infinitas, porque liberdades começam do zero, assim sendo não haveria fronteira pra liberdade. Na verdade a liberdade de um termina quando a de todos os outros terminam, convergindo para um ponto de equilíbrio, quando fora desse ponto as pressões para conflitos começam, um grupo com certa unidade consegue ter um sentimento interno de empatia muito forte, chegando mesmo ao ponto de tratar qualquer ser exógeno de modo generalista, tratando um país vizinho ou um ataque de ET's da mesma forma. Esse grupo age como um só, a liberdade dele é a liberdade de seus integrantes, e sua pressão para expansão de sua liberdade a partir de um ponto considerado harmonioso, bem como a reação de defesa e proteção de outros grupos, em geral é o gatilho usual para guerras. Os interesses individuais egoísticos, a partir do momento em que o individuo deixa de ser uma única pessoa, passa a ser o propulsor (com força bem maior que qualquer nave interestelar usa para navegar pelo espaço, ou mesmo para sair da atmosfera) da destruição desenfreada, que só consegue ser encarada com felicidade quando é vista sob a óptica da sobrevivência.
O que faz o homem ser sociável é o que o faz não ser inteiramente sociável, o que o faz proteger sua família o faz matar seu vizinho (nessa escala ou em escala maior)...

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